Economia brasileira cresce 1% no 1º tri de 2022 com ajuda de serviços, diz IBGE
A economia brasileira avançou 1% no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o último trimestre do ano passado, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (2).
Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a alta do PIB (Produto Interno Bruto) foi de 1,7% e, no acumulado nos quatro trimestres, de 4,7%.
As expectativas do mercado financeiro ficavam em torno de uma alta de 1,2% sobre o período imediatamente anterior e de 1,8% na comparação anual.
O setor de serviços foi o principal responsável pelo crescimento, já que representam 70% do PIB do país, com destaque para serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação. “Muitas dessas atividades são presenciais e tiveram demanda reprimida durante a pandemia”, explica a coordenadora de contas nacionais do IBGE, Rebeca Palis, em nota.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país num determinado período.
O resultado do trimestre é o terceiro positivo, após recuo de 0,2% no segundo trimestre de 2021, e fica 1,6% acima do patamar do quarto trimestre de 2019, período anterior à pandemia do coronavírus. O número fica 1,7% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do país, registrado no primeiro trimestre de 2014, ressalta o IBGE.
No quarto trimestre, o PIB teve avanço de 0,5%. Já em 2021, o indicador mostrou avanço de 4,6% após um tombo de 4,1% em 2020.
Vale ressaltar que, apesar do resultado positivo no primeiro período do ano, a expectativa de especialistas é que a atividade econômica siga mostrando desaceleração diante do quadro global de inflação pressionada e juros em alta.
Como desafio extra, o Brasil ainda conta com a deterioração das condições financeiras domésticas, como cita o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre) em nota.
Setores
O setor de serviços registrou alta de 1% na comparação trimestral, com destaque para outros serviços, que cresceram 2,2% no período, englobando serviços prestados às famílias, como alojamento e alimentação.
Dentro de serviços, o IBGE também destaca o segmento de transportes, armazenagem e correio, com alta de 2,1%, “levado por um avanço no transporte de cargas, relacionado ao aumento do e-commerce no país, e do de passageiros, principalmente pelo aumento das viagens aéreas, outra demanda represada na pandemia”, diz Rebeca Palis.
A agropecuária recuou 0,9% no primeiro trimestre, “impactada, principalmente pela estiagem no Sul, que causou a diminuição na estimativa da produção de soja, a maior cultura da lavoura brasileira”, destaca Palis.
A indústria ficou perto da estabilidade, com alta de 0,1%. “O maior avanço nas atividades industriais veio de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (6,6%) e a única queda foi das Indústrias Extrativas (-3,4%)”, diz a pesquisadora.
“Essa atividade puxou o resultado para baixo, e sua queda se deve especialmente à produção de minério de ferro, que caiu bastante. Como a Indústria da Transformação teve alta (1,4%) e tem bastante peso no grupo, isso equilibrou o resultado da Indústria”, explica.
Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,7% no primeiro trimestre, enquanto o do governo ficou estável, em 0,1%.
Já os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) caíram 3,5%. “Essa queda foi impactada pela diminuição na produção e importação de bens de capital, apesar de a construção ter crescido no período”, explica. No primeiro trimestre, a taxa de investimento foi de 18,7% do PIB, ficando abaixo da registrada no mesmo período do ano passado (19,7%), diz a especialista.
Dados do 3º e 4º trimestre de 2021 são revisados
O IBGE revisou o dado do quarto trimestre para cima, passando a ver expansão de 0,7
% em vez da taxa de 0,5% informada anteriormente. O dado do terceiro trimestre também melhorou, passando a um leve crescimento de 0,1%, contra recuo de 0,1% divulgado previamente.
Com as revisões, o quadro deixa de ser visto como recessão técnica, caracterizada por dois trimestres seguidos de queda no PIB.
O IBGE ainda passou a calcular alta de 1,1% no primeiro trimestre e queda de 0,2% no segundo, contra respectivamente avanço de 1,4% e retração de 0,3% das divulgações anteriores.
Apesar das revisões, o IBGE manteve o cálculo de que o PIB brasileiro cresceu 4,6% em 2021.