Apesar da deflação de 0,73% registrada no mês de agosto no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os brasileiros enfrentaram 25 meses consecutivos de alta nos preços. O acumulado do ano é de 5,02% e nos últimos 12 meses foi 9,60%, abaixo dos 11,39% registrados nos 12 meses anteriores. Além do poder de compra comprometido, outra agravante é a menor renda da população, que afetou 34% dos brasileiros nos dois anos pós-pandemia da Covid-19, segundo um levantamento da Serasa/Opinion Box.
Para combater o cenário econômico desfavorável e evitar a perda de clientes, empreendedores de diversos segmentos precisaram revisar periodicamente seus processos internos para equilibrar as contas básicas e precificação final ao consumidor. Abaixo, listamos alguns cases que decidiram negociar com fornecedores, ampliar o portfólio, alterar o mix de produtos, adotar novas tecnologias, entre outras iniciativas.
Abaixo listamos alguns cases.
A Yes! Cosmetics, que investe em produtos de alta qualidade com preços acessíveis, fez trocas de fornecedores e redução nos custos de embalagem, além do uso de refis (blister), que contribuem para diminuição do uso de plástico e torna o produto final mais barato. A marca busca sempre inovar com alternativas para melhor custo-benefício. Outra estratégia foi a revisão de processos: a empresa passou a usar metodologia para acompanhar a jornada do consumidor, buscando entender o modo de atendimento em cada departamento e como seria possível melhorar, otimizando tempo e reduzindo custos.
Já o Emagrecentro, rede de emagrecimento e estética corporal que possui metodologia patenteada e certificada internacionalmente desenvolvida pelo fundador da marca Edson Ramuth, apostou em uma loja virtual e novos tratamentos para flacidez, gordura localizada, celulite, pós parto, entre outros. A rede que oferece tratamentos a preços acessíveis atualmente conta com 318 operações, sendo três nos Estados Unidos com a bandeira de Best Shape.
Por sua vez, a Minha Quitandinha, startup de tecnologia em varejo que atua no modelo de franquia de minimercado autônomo, buscou minimizar o repasse da alta dos preços para o consumidor final ampliando o portfólio de fornecedores. Foram três novas parcerias concluídas para facilitar o processo de compra dos produtos a fim de reduzir os impactos nos valores do mix de produtos das lojas.
Especializada em colchões e estofados, a Anjos Colchões & Sofás passou a utilizar mais estratégias de captação de leads de consumidor final e desenvolveu um produto novo e de alta qualidade, com valor intermediário e que ajudou a alavancar as vendas. Para o futuro, a marca pretende investir em ferramentas de gestão de relacionamento com o cliente, como CRM e OmniChat.
Para a primeira e maior rede de franquias de restaurantes veganos do país, Açougue Vegano, as mudanças para conter os efeitos da inflação foram desde a renegociação de prazos de entrega e valores dos produtos com os fornecedores até uma revisão na logística para a entrega dos alimentos, revisando as rotas para evitar gastos. Além disso, a franquia ampliou o portfólio de produtos no restaurante, disponibilizando outras marcas além da produção própria.
A Casa de Bolos, rede pioneira em bolos caseiros, notou alguns hábitos diferentes do consumidor e usou isso ao seu favor. Para diminuir os custos da operação, a rede investiu em novos canais de venda, como nas plataformas digitais e nos serviços de delivery. Além disso, a franquia disponibiliza uma equipe de consultores de campo para os franqueados, que auxilia na diminuição de custo das matérias-primas, verificação de processos e otimização da produção dos bolos, garantindo mais variedade de produtos e aproveitamento dos insumos.
Com a rede EcoCão Espaço Pet, especializada em cuidado e bem-estar animal, não foi diferente. Enfrentando dificuldade na hora de reduzir os gastos, a franquia também apostou na estratégia de venda de produtos mais baratos atrelados a promoções. Fora isso, reduziu o custo com papel e impressões após digitalizar alguns processos, como as fichas das comandas sobre os serviços dos pets, e diminuiu a quantidade de produtos adquiridos dos fornecedores, mantendo em estoque apenas o suficiente para a operação.
Apostando 100% na digitalização do negócio, a Mais1 Café, maior franquia de cafés especiais do país, criou o próprio software para aprimorar e evoluir o sistema operacional da rede, em que contribui para a gerência fiscal e financeira da marca. Apesar de não realizar mudanças nos produtos utilizados, a franquia incorporou formas de realizar análises do mercado a fim de encontrar os melhores valores para compra e renegociação com os atuais fornecedores.
Tendo a digitalização como um processo essencial para a operação, a Pizza Prime, rede de franquias de pizzarias com mais de 20 anos de mercado, aprimorou seu marketplace, com 10 canais de vendas online, a fim de alcançar consumidores em todos os lugares. Também investiu na divulgação de produtos que tiveram menor impacto pela inflação, para gerar mais vendas e diminuir os custos fixos da operação das unidades. Outra ação adotada foi revisar a gestão de insumos para reduzir a necessidade do capital de giro para estoque e produção nas lojas, além de investir em treinamentos para garantir a qualidade do atendimento ao cliente.