Entrevista Versátil com Silvana Martins: amor pela vida e pela música

Silvana Martins, paulistana, radicada em Natal há 34 anos. Diz ter chegado em Natal, em maio de 1981, para abrir um show para a cantora Alcione, no Clube América. Ela morou em outros estados pelo país, mas Natal foi o lugar que a conquistou e fez com que ela escolhesse a capital potiguar para viver e cantar.

Como você definiria Silvana Martins?

Cantora eclética, faz um passeio musical pelos mais diversos ritmos e gêneros, atriz de musicais, locutora, radialista, dubladora de desenho animado, produtora cultural, cerimonialista e personal organizer. Esse ano, agora em junho, completa 46 anos de carreira artística. Tem orgulho de dizer que sempre teve (e ainda tem), a sorte e o privilégio de ser acompanhada pelos melhores músicos e instrumentistas, assim como também teve o prazer de dividir o palco com grandes artistas.

Conte um pouco de sua trajetória nas artes?

Já participei de vários projetos artísticos, musicais e culturais: Projeto Pixinguinha, Projeto Seis e Meia, dentre outros. Fui integrante dos grupos: As Potiguaras (5 anos), As Nordestinas (1 ano) e Velha Guarda do Samba (5 anos). Em fevereiro de 2017, lancei um CD autoral “A vida é só pra cantar”. Atualmente sou vocalista do Grupo D’Breque de Natal (samba de raiz).

Motivação diária? 

O que me move todos os dias, é a minha fé em Deus e a eterna gratidão pelo dom da música, porque através do meu canto, levo alegria para as pessoas (o que considero uma missão).

O que a família significa em sua vida?

Sou viúva do compositor e cantor macauense, Nazareno Vieira. Nazareno foi meu companheiro de vida e de palcos por 19 anos, tivemos 3 filhos: André Luis, Ana Cláudia e Amanda. Para mim, família é a benção de Deus! Ela é meu chão, meu esteio, minha herança maior! Minha família é minha maior incentivadora em tudo o que faço. Só gratidão.

Já passou por momentos difíceis em sua carreira ao ponto de pensar em desistir? Desistir, nunca! Mas, já me decepcionei muito… Como mulher, encontro muitas barreiras, cantar samba e liderar um grupo de 7 homens (tem que ser na raça). Com o tempo, aprendi que quanto maior é o obstáculo, maior é a minha “gana” para vencê-lo! Esse é o meu combustível.

Como é a experiência de ser a única mulher ao lado de 7 homens em sua banda?

Trabalhar com homens, sempre foi um desafio, nós mulheres temos que provar o tempo todo, nossa capacidade e talento. Temos um ótimo relacionamento! Eles me chamam de “garota”. Nos divertimos muito, porque amamos o que fazemos. Sem falsa modéstia, temos uma pegada e repertório diferenciado. O grupo completou 3 anos, estamos em estúdio para a gravação do nosso primeiro EP. Quando fui convidada (pela diretoria do grupo), para ser a vocalista, achei ótimo, mas pontuei algumas coisas: respeito,  profissionalismo, no mínimo 3 ensaios por mês, figurino e liberdade para escolher o repertório.

 

Foi difícil conciliar paixão pela música com a maternidade?

Conciliar a maternidade com os palcos, foi outro grande desafio! Como não sou daqui do nordeste, não tive apoio familiar, então, tive que matar um leão por dia, sem borrar as unhas! Sempre levei meus filhos para os ensaios, estúdios e palcos, porque não tinha com quem deixá-los. Quando morei em Fortaleza tive uma experiência muito ruim com uma babá, daí decidi que eles iriam comigo para onde eu fosse. Já comeram muita poeira por essas estradas desse mundo de meu Deus.

Como você avalia criar os filhos nesse processo de idas e vindas aos palcos?

Mesmo com tantas dificuldades, graças a Deus, criei meus filhos com muita serenidade, muito amor, e sempre compartilhando tudo com eles. Até hoje, somos muito amigos, confidentes, apoiadores e incentivadores. O mais velho (André) tem 41 anos e 1 filho, mora em Florianópolis, onde é pastor  da Igreja Verbo da Vida. Também faz um trabalho lindo de evangelização, viajando pelo Brasil, a do meio (Ana) tem 36 anos, é gerente comercial de uma conceituada empresa de consignados, casou em novembro do ano passado, me prometeu um neto logo, logo… Já a caçula (Amanda) tem 33 anos, foi a que casou primeiro, tem 3 filhos e é designer gráfica. Então, como pode ver, todos bem casados e excelentes profissionais! A música com todas as suas alegrias e dificuldades, nunca atrapalharam na criação e formação do caráter de cada um. Quando nos reunimos, lembramos de tudo o que passamos, com muita alegria e emoção… E o melhor… Todos tementes e servos fiéis de Deus, são meu orgulho e alegria de viver!

Silvana ao lado de seus três filhos

Quando você ouviu o chamado da música?

Na verdade, a música sempre esteve presente em minha vida. Desde novinha, sou notívaga. Minha mãe trabalhava durante o dia e dava aula à noite. Ficava preocupada porque eu não dormia muito, não dava trabalho, mas ela se preocupava com a minha madrinha que tomava conta de mim, porque ela precisava dormir e eu ficava com os olhos arregalados (sem dormir, ainda ativa). Foi quando meu padrinho, comprou um radinho de pilha e colocou embaixo do meu travesseiro. E não foi que deu certo? Moral da história, a música entrou em minhas veias. Sempre cantei para os meus filhos, desde pequenos. E todos eles têm o dom da música, cantam e tocam lindamente! A música me escolheu, e eu só segui o curso. Não há lugar melhor para estar, do que nos palcos da vida!

Tem alguma coisa inusitada que ocorreu nos palcos e você recorda até hoje?

Fui fazer um show na inauguração do cinema, na cidade de Macau. Carro de som, cartazes espalhados por toda cidade, entrevista na rádio, enfim, todo mundo aguardando… Nazareno teve a ideia: a banda ficaria no palco (em frente da tela de projeção), depois do público já sentado, eu entraria pela frente. Só que não nos avisaram que haviam encerrado a rampa. Daí quando a banda deu a introdução da música, foram me chamar, eu, com o microfone sem fio, comecei a cantar e… me estabaquei no chão… Tive uma crise de riso, e o público começou a aplaudir, uma senhorinha gritou: uma entrada triunfal! E haja risos e aplausos.

Jogo de palavras – uma palavra, uma resposta

Família?

Benção 

Deus? 

Meu Salvador 

Saudade?

 Meus pais

Esperança? 

Num mundo melhor e mais justo 

Qualidade de vida? Alimentos sem agrotóxicos e a linda Natal melhor administrada em todos os sentidos, para um futuro melhor para meus netos e toda uma geração futura.

Por fim, para conhecer o trabalho de Silvana Martins, basta acompanhar as redes sociais dela no Instagram @cantorasilvanamartins e no Facebook e YouTube Silvana Martins Maia.

Clique da família reunida

 

Silvana Martins também participou do vídeo promocional da Prefeitura de Natal para o São João 2023, confira:

 

Texto: Bruna Torres  – Fotos: arquivo pessoal/divulgação – Silvana Martins