Fisioterapia: além da reabilitação física

Cinthia Moreno – Fisioterapeuta Casa Durval Paiva – CREFITO 83476-FNão podemos separar o corpo da mente. Somos um todo, formados por várias partes que são muito bem integradas, por isso, uma tem influência na outra. A preocupação com altura, por exemplo, quando mais alta que todas as colegas da mesma idade, pode causar alteração na postura. Pacientes tristes e desanimados podem ter mudanças na postura e diminuição de força muscular. Uma dor crônica na articulação do joelho pode causar irritabilidade ou sintomas de depressão.Crianças e adolescentes com câncer são submetidos a um tratamento longo, agressivo e muitas vezes ficam afastados do convívio familiar. Em alguns casos, ficam mais de um mês sem ir na sua própria casa. Por isso, o fisioterapeuta deve estar atento aos sinais e sintomas de doenças mentais e atuar na promoção de saúde, como também na reabilitação.A fisioterapia tem um impacto tanto no bem estar físico como mental de pacientes com diagnóstico de câncer. Várias estratégias são utilizadas para controle dos sintomas, podendo reduzir a ansiedade e depressão. A fisioterapia também contribui para o paciente se sentir capaz e realizar as atividades de sua rotina com mais confiança.Quando falamos da atuação da fisioterapia em saúde mental, devemos ter em mente a importância da restauração da integridade física, social e emocional, sem que isso esteja separado da reabilitação da capacidade funcional do paciente.Outro ponto importante é o atendimento realizado por uma equipe multidisciplinar, em que os profissionais atuem de forma integrada. Há alguns dias, uma adolescente com desvio postural procurou o serviço de fisioterapia na Casa Durval Paiva. A mãe estava preocupada percebendo a filha “torta”. Foi feito o exame físico, mas uma conversa permitiu um desabafo. A adolescente não se sentia à vontade com sua altura, nem com o tamanho das mamas. Por isso, adotava uma postura inadequada. A paciente foi acolhida, orientada e, como tinha iniciado tratamento no setor de psicologia, foi encorajada a levar essas questões para terapia.Outra situação em que precisamos perceber o comportamento do paciente: ele chegou ao setor agitado, sem concentração nos exercícios que precisavam ser executados e questionava o tempo sobre a cirurgia e como seria. Antes de iniciar os exercícios terapêuticos, para melhora da mobilidade e força muscular, foi feito um exercício respiratório para melhora da ansiedade. Com tranquilidade, o paciente conseguiu realizar os exercícios.É possível ter qualidade de vida e bem estar durante o tratamento contra o câncer. Em todos os aspectos. No todo.