Lideranças da Justiça do Trabalho debatem reforma trabalhista no palco do 38° CNSE 

Desembargador do TRT21 e Superintendente Regional do Trabalho no RN discutiram pontos positivos e negativos da medida 

 

Em vigor desde 2017, a reforma trabalhista transformou as relações de trabalho. Como as mudanças causadas pela medida afetaram empresários, empregados e entidades sindicais? Para discutir o impacto da reforma trabalhista de lá para cá, o 38° Congresso Nacional dos Sindicatos Empresariais promoveu debate entre o desembargador do TRT21, Bento Herculano, e o Superintendente Regional do Trabalho no RN, Cláudio Gabriel de Macedo Júnior.

 

O debate partiu do que estava definido na constituição antes da reforma. “Essa questão é crucial para vocês, enquanto empresários, porque tem tudo a ver com a sobrevivência dos empreendimentos. Por isso, devemos olhar para a reforma deixando as ideologias de lado e considerando que, ao contrário do que muitos pensam, as leis trabalhistas – mesmo antes dela – nunca foram inflexíveis. Na verdade, existem muitos casos que mostram que a legislação, por si só, não protege o empregado”, comentou Bento.

 

A reforma também é assunto comum entre autoridades do governo, que estudam possível revisão na proposta que começou a valer há 5 anos. Para o mediador do debate, o advogado Flávio Obino, do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre, a reforma trabalhista colaborou para a geração de empregos e a possibilidade de revisão da medida não é positiva para os empresários.

 

“É uma medida que trouxe muitos benefícios, provocou uma diminuição efetiva no número de reclamações trabalhistas. O que nos assusta é que existe uma resistência por parte do governo, vemos uma postura muito forte para modificar a questão da terceirização, por exemplo. Uma postura que faz os casos de pejotização parecer que são fraudes na relação trabalhista. Acredito que a maior garantia que uma pessoa pode ter é o emprego, e a flexibilização que a reforma trouxe foi positiva nesse sentido”, explicou.

 

De acordo com o Superintendente Regional do Trabalho no RN, Cláudio Gabriel, o Ministério do Trabalho entende que a reforma se distancia do caráter social da legislação trabalhista.

 

Para o convidado, é necessário modernizar as relações de trabalho, mas a desigualdade da sociedade brasileira é um grande desafio. “As melhores soluções se encontram no diálogo social, entre as entidades sindicais, na construção de um contrato coletivo de trabalho. Mas, levando em consideração que vivemos em um país desigual, o governo tenta criar uma proteção para o trabalhador, algo que diga: isso aqui é o mínimo. Não é à toa que essa reforma ainda é muito discutida pelo MPF e pelo STF, por exemplo”, comentou Cláudio.

 

Para o desembargador do TRT21, Bento Herculano, vale ressaltar que as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) ajudaram a reforçar e até mesmo antecipar algumas mudanças fixadas pela reforma, como a prevalência do negociado sobre o legislado. “A gente sabe que, se tem uma área que não pode reclamar do STF, é o setor empresarial. O Supremo tem uma visão majoritariamente liberal nas questões econômicas e chegou a antecipar alguns pontos que voltariam na reforma, como a terceirização da atividade meio”, comentou o desembargador.

 

O 38° Congresso Nacional dos Sindicatos Empresariais foi realizado pelo Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas RN) e pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Fecomércio RN). O evento, que reuniu mais de 1200 pessoas no Centro de Convenções de Natal, teve o patrocínio da CNC e do Sebrae Nacional, além do apoio do Sistema Comércio RN.

Gil Giardelli fala sobre o futuro do comércio varejista no 38° CNSE 

 

Congressistas conheceram soluções em inteligência artificial, realidade virtual e robótica que podem transformar o comércio 

 

O terceiro e último dia do 38° Congresso Nacional de Sindicatos Empresariais começou com palestra do economista Gil Giardelli. Na manhã desta sexta-feira (11), através do painel “Tendências e oportunidades do varejo”, o professor convidado apresentou algumas das principais novidades que devem movimentar a sociedade e os negócios do segmento no futuro – como as ferramentas baseadas em inteligência artificial, realidade virtual, NFT, nanochips, robótica, dados e outras inovações.

 

O palestrante partiu de momentos históricos que provocaram transformações profundas na economia global, como a revolução francesa e o crash da bolsa americana em 1929. “Acredito que esses momentos mudaram nossa forma de lidar com o capitalismo. A pandemia é um deles e forçou a gente a se reinventar. De lá para cá, começamos a viver uma era de inovação, que vem mudando o comércio e os serviços; mas ao mesmo tempo nunca foi tão necessário um encontro presencial, como esse”, destacou.

 

Além de comentar cases de sucesso e tirar dúvidas dos congressistas, Gil apresentou o robô Nao aos congressistas. De acordo com o convidado, o modelo é utilizado em hospitais, como uma ferramenta de apoio ao corpo médico no atendimento de pacientes em estado paliativo. “Ele também está atuando com as crianças, ensinando empatia e outros valores importantes; e em lojas, para enriquecer a experiência dos clientes. Ele é capaz, por exemplo, de reconhecer o tom de pele das pessoas e sugerir tons de maquiagem”, explicou Giardelli.

 

Inteligência artificial oferece respostas e soluções 

 

A difusão da inteligência artificial é um dos marcos dos avanços tecnológicos recentes. Muitas ferramentas baseadas em IA estão se tornando comuns no cotidiano de muitos profissionais e empresas. Para Gil Giardelli, essas soluções fazem parte do rompimento de um grande paradigma. “Tudo aquilo que a gente sabia de economia no final da segunda guerra mundial está caindo de maduro. A hora da economia circular, que mistura digital e físico, chegou”, comentou o professor.

 

Para o especialista, o uso dessas e outras inovações tecnológicas já são diferenciais competitivos. “Conversando com a máquina, você pode simplificar muitos processos e fazer uma série de coisas – como criar um logotipo sem pagar nada. Essa revolução, marcada pelas inteligências artificiais, vai muito além do ChatGPT. Se você quiser fazer uma pesquisa sobre seu segmento, por exemplo, existem ferramentas que ajudam até a organizar estudos e dados sobre o comportamento dos consumidores”, afirmou.

 

Avanços da ciência e tecnologia criam novos desafios 

 

A tecnologia está transformando a arte, a medicina e a sociedade como um todo. De acordo com Gil, os empresários do futuro devem estar preparados para essas inovações. “Sejam bem-vindos a um mundo onde nem todos são inovadores e criativos, mas devem ser curiosos. Essa criatividade é justamente a que vejo aqui no evento, de pegar todas os conhecimentos que passaram por este palco e pensar em soluções, para levar para os estados e sindicatos de vocês”, comentou Giardelli.

 

Com novos hábitos de consumo e uma nova força de trabalho, o ambiente de negócios também está passando por grandes mudanças. “Estamos vivendo uma nova era em marketing, em banco de dados, que está mexendo com o comportamento do consumidor e a pirâmide de consumo. Todo mundo está vendendo serviços e espetáculos. A questão é, vocês estão fazendo isso?”, provocou Giardelli.

 

Apesar das inovações, o especialista acredita que o foco das organizações não deve ser a tecnologia, mas sim as pessoas. “Ferramentas e processos são importantes, mas o foco tem de ser a dimensão humana. Estou falando de coisas que parecem fáceis, mas podem ser difíceis de fazer. Se a gente criar um grupo no WhatsApp para discutir um projeto, por exemplo, a maioria silencia enquanto meia dúzia arregaça as mangas”.

 

Além disso, para Gil, existem três tipos de profissionais essenciais para o sucesso das empresas de amanhã. “Os makers, que fazem as coisas acontecer; os bailarinos, quê dão saltos na imaginação e apostam nos conceitos; e os caçadores, como vocês, que vieram ao congresso buscar conhecimento. São essas pessoas que fazem a diferença nos negócios do futuro”, concluiu o especialista.

 

38° CNSE reuniu 1.200 pessoas no Centro de Convenções de Natal 

 

Nesta sexta-feira (11), além de conhecer as tecnologias que devem fazer parte do futuro do comércio, os congressistas também tiveram a oportunidade de refletir sobre as mudanças promovidas pela reforma trabalhista e se inspirar com a história de vida do influenciador Marcos Rossi. O 38° Congresso Nacional dos Sindicatos Empresariais foi realizado pelo Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas RN) e pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Fecomércio RN).