Segundo pesquisa realizada no Brasil, 18% dos profissionais sofrem com a síndrome de burnout; psicóloga defende a necessidade de programas de prevenção nas companhias
Em um cenário corporativo cada vez mais competitivo e exigente, a saúde mental dos trabalhadores tem sido considerada uma das principais preocupações dos profissionais, levando a um aumento significativo de afastamentos laborais. Especialistas apontam que o estresse, a ansiedade e outros transtornos psicológicos têm contribuindo significativamente para essa realidade.
Em pesquisa realizada no Brasil, a empresa Gattaz Health & Results mostra que 18% dos profissionais brasileiros sofrem com burnout, um distúrbio emocional caracterizado por sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico que é categorizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença ocupacional. Além disso, 43% relataram sintomas depressivos e 24% mencionam queixas relacionadas à ansiedade.
Segundo a psicóloga Juliana Cardoso, docente do curso de Psicologia da Estácio, a saúde mental se tornou uma das principais razões pelas quais os trabalhadores estão buscando afastamento por meio de atestados e laudos. “Atualmente, muitos profissionais atuam em ambientes de trabalho altamente competitivos, com metas rigorosas e pressões constantes, o que pode resultar em impactos significativos na saúde mental”, comenta.
Em outro levantamento feito com 600 pessoas pela plataforma online de saúde mental e bem-estar emocional Way Minder, os segmentos onde os funcionários são mais afetados pelo problema foram nas áreas de recursos humanos, vendas, educação, liderança, administrativo e tecnologia da informação.
A pandemia da Covid-19 também exerceu papel importante nesse cenário, intensificando os desafios enfrentados pelos trabalhadores. O isolamento social, a incerteza em relação ao futuro e a adaptação ao trabalho remoto trouxeram à tona questões relacionadas a diversas desordens psicológicas.
Segundo a especialista, “políticas internas que incentivem um ambiente de trabalho saudável, apoio psicológico, flexibilidade na carga horária e promoção do equilíbrio entre vida profissional e pessoal são essenciais para lidar com essa situação”.
Além disso, a conscientização sobre a importância da saúde mental no ambiente de trabalho também é um fator crucial. Isso porque ainda existe um estigma associado à busca de ajuda psicológica, o que pode impedir que muitos profissionais busquem o tratamento adequado.
“É importante ressaltar que a prevenção é um dos pilares fundamentais para combater o aumento dos afastamentos relacionados à saúde mental. Iniciativas como oferecer programas de bem-estar, atividades de relaxamento, treinamento para lidar com o estresse e apoio psicológico podem fazer a diferença na vida dos trabalhadores e, consequentemente, no desempenho das empresas”, finaliza.