Falta de alongamento pré-corrida, uso de calçado inapropriado e sobrecarga do corpo estão entre principais causas de lesões elencadas pelo profissional
Contagem regressiva para a principal prova de corrida de rua da América Latina: a tradicional e quase centenária Corrida Internacional de São Silvestre. No dia 31 de dezembro de 2023, a Corrida trará a sua 98ª edição, com largada na Avenida Paulista, entre as ruas Frei Caneca e Augusta, em São Paulo. E haja preparação para percorrer os 15km, com direito a muito sol, subidas e descidas previstos no percurso.
O professor do curso de Educação Física da Estácio, Elmir Andrade, separou dicas valiosas para dar um gás na preparação final dos corredores, não só dos que estão arrumando as malas para pousar em terras paulistas, mas de todos que incluíram as corridas de rua no calendário esportivo.
Antes de sair correndo por aí, o especialista alerta que a preocupação com o consumo de água e bebidas repositoras de eletrólitos – minerais responsáveis pelo transporte de água para as células do corpo – deve ser o primeiro passo do atleta para alcançar um bom rendimento.
“O consumo deve se intensificar durante a prova e continuar mesmo após a linha de chegada. Essa atenção especial evita a perda de performance, mas acima disso, contribui para que o atleta novato finalize a participação sem prejuízos à sua saúde”, completa.
Para quem está ingressando no mundo da corrida e quer intensificar a rotina de treinos a poucos dias da competição, o professor recomenda justamente fazer o contrário: optar pelo descanso.
“A rotina de treinos acaba proporcionando certo nível de desgaste ao corpo e, para obter uma boa performance é necessário que haja uma boa recuperação nos dias que antecedem a competição. Desse modo, faltando aproximadamente uma semana para a prova, ou um pouco mais do que isso, dependendo da distância, deve-se diminuir tanto a intensidade, quanto o volume dos treinos. E faltando um ou dois dias para a corrida, é indicado que haja descanso total, sem nenhum tipo de treino, ou, no máximo, algo bem leve”, orienta o docente.
O universitário Hyan Maurício participou da São Silvestre em 2015. Para ele, o calor de dezembro e o esforço físico para lidar com as ladeiras percorridas foram as maiores dificuldades enfrentadas durante a prova. “No meu treinamento incluí bastante subidas, principalmente no treino longo, para simular a situação da prova. Treinei no horário parecido com o da prova, também de manhã, pra ter a sensação parecida com a que eu iria vivenciar no dia. Participei também de outras competições antes, com a distância parecida, de 10 e 12 km, pra ver como é que estava o meu corpo”, conta.
O corredor avalia ainda, que toda dedicação e esforço empenhados na corrida internacional valeu a pena. “Foi uma experiência única pra mim. Tenho vontade de voltar à Corrida também pela energia do público. É a única corrida que tem muita torcida, além de pessoas correndo com você de todos os níveis: desde o atleta que foi recordista mundial, ao que está iniciando agora as corridas. Então é uma prova bem diversificada, tem vários personagens irreverentes. É uma experiência única”, relata.
Cuidado com lesões
Segundo o especialista, as principais causas de lesões àqueles que participam de corridas de rua estão na falta de aquecimento adequado antes da prova e no uso de calçados inapropriados.
“O aquecimento prepara o corpo para o exercício físico, aumentando a temperatura corporal e o metabolismo energético, promove maior nível de elasticidade aos músculos, ligamentos e tendões e intensifica a lubrificação das articulações. Quanto aos tênis de corrida, eles devem absorver bem o impacto provocado por cada passo, de modo que articulações, ossos e outros componentes do sistema locomotor sejam preservados tanto quanto for possível, durante a execução da prova”, explica.