SENAI-RN vai receber “Selo ODS Educação” em 2024 por formação de mulheres especialistas para eólicas

Formação das primeiras mulheres especialistas em operação e manutenção de parques eólicos do estado foi concretizada este ano em parceria com a AES Brasil | Foto: Tiago lima

 

O SENAI do Rio Grande do Norte vai receber o “Selo ODS Educação” em 2024, pela formação das primeiras mulheres especialistas em operação e manutenção de parques eólicos do estado, concretizada este ano em parceria com a AES Brasil.

 

A confirmação da certificação foi anunciada nesta quarta-feira (20) pelo Instituto Selo Social, uma das organizações responsáveis pela iniciativa – promovida em conjunto com o Programa Especial UnB 2030, da Universidade de Brasília, e o grupo de trabalho Agenda 2030.

 

O Selo ODS Educação é, segundo o Instituto, o reconhecimento público de organizações que atuam no setor de ensino que contribuíram para o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), com a execução de projetos, realização de investimentos e impactos sociais alcançados.

 

O projeto contemplado do SENAI do Rio Grande do Norte, estado brasileiro que lidera a geração da chamada “energia dos ventos”, capacitou 73 profissionais para atuação na atividade.

 

A formação foi executada pelo Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), da instituição, principal referência do SENAI no Brasil para educação e serviços com foco nas indústrias de energias renováveis e do gás, além de centro de excelência para soluções que estão em desenvolvimento – em parceria com a Alemanha – para educação profissional com foco em hidrogênio verde.

 

De acordo com análise das organizações concedentes do Selo, a iniciativa alcançou resultados relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 4, 5, 9 e 10, que correspondem, respectivamente, à “Educação de qualidade”, “Igualdade de Gênero”, “Indústria, Inovação e Infraestrutura” e “Redução das Desigualdades”.

 

O setor de energia eólica é um dos que registram predominância de homens na educação e na força de trabalho. Projetos como esse buscam mudanças nesse contexto.

 

Desenvolvimento

 

Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN: “Incorporar esses e outros ODS a nossa cultura e contribuir para que sejam alcançados significa, para o SENAI, estar aderente a expectativas da sociedade de que todas as pessoas possam participar de um processo de desenvolvimento socioeconômico justo” | Foto: Michele Fioravanti

 

“Incorporar esses e outros ODS a nossa cultura e contribuir para que sejam alcançados significa, para o SENAI, estar aderente a expectativas da sociedade de que todas as pessoas possam participar de um processo de desenvolvimento socioeconômico justo”, diz o diretor do SENAI-RN, do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e da FAETI, Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais do SENAI do Rio Grande do Norte, Rodrigo Mello. “Enxergamos esse prêmio que estamos recebendo com a aprovação do Selo não como um prêmio à instituição, mas como um prêmio à cidadania”, acrescenta.

 

Para a diretora do CTGAS-ER, Amora Vieira,  o Selo reforça a relevância da qualificação e do aperfeiçoamento profissional como caminhos bem sucedidos e possíveis para ingresso e crescimento no mercado de trabalho, mas também lança luz sobre a necessidade de mais avanços em direção à igualdade e equidade de gênero.

 

“Nós estamos diante de um reconhecimento que mostra para a sociedade, de forma geral, que as oportunidades existem, que homens e mulheres podem ingressar em uma formação tecnológica e em uma carreira dentro da indústria de energia. Mas é preciso ir além nesse caminho, aumentar o ingresso feminino no mercado de trabalho e possibilitar novas oportunidades de carreira, em atividades técnicas em parques eólicos e em outros setores da indústria”, diz a executiva.

 

A concessão do Selo, na análise dela, é resultado de uma construção permanente que envolve o fortalecimento do relacionamento da instituição com o mercado e dos esforços que empreende para o alcance dos ODS. “Nós estamos falando agora de um projeto social em que houve investimento de uma indústria, em que o SENAI atuou como ponte executando essa entrega e em que do outro lado havia mulheres almejando oportunidades de uma formação para impulsionar suas carreiras. Mas não paramos por aqui. Também estamos olhando outras atividades e nossos parceiros estratégicos têm comprado essa ideia”, observa Amora.

 

Entre os anos 2018 e 2023, a participação feminina em cursos de energia eólica do CTGAS-ER saltaram de 9% para 32%. Atividades ligadas à atividade de refrigeração também estão no foco de ações do Centro para elevar a igualdade e a equidade de gênero no mercado.

 

Amora Vieira, do CTGAS-ER, do SENAI-RN observa que reconhecimento também chama a atenção para a necessidade de mais avanços em direção à igualdade e equidade de gênero | Foto: Michele Fioravanti

 

Projeto

O programa para formação das mulheres especialistas em operação e manutenção de parques eólicos abrangeu um total de 460 horas de aulas, equivalentes a aproximadamente seis meses de estudo. O curso foi oferecido de forma gratuita, com encontros online (ao vivo) e um presencial.

 

O projeto está alinhado às estratégias do SENAI-RN com foco nos ODS, em prol de avanços em áreas como educação de qualidade, cidades e comunidades sustentáveis e ação contra a mudança global do clima. Também está inserido em esforços relacionados ao Pacto Global de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção da ONU, que tem a instituição e a AES Brasil entre as signatárias.

 

Na submissão ao Selo ODS de Educação, o SENAI-RN destacou que “a iniciativa não apenas promoveu o acesso à educação de alta qualidade, mas também contribuiu para o crescimento sustentável da indústria, ao mesmo tempo em que fomentou a diversidade de gênero no setor”.

 

A especialização contou com participantes de 17 municípios do Rio Grande do Norte, incluindo Natal, Parnamirim, Mossoró, São Gonçalo do Amarante, Lajes, Macaíba, Angicos, Assu, Caicó, Canguaretama, Ceará-Mirim, Cerro Corá, Extremoz, João Câmara, Nísia Floresta, Patu e Serra do Mel. O processo seletivo recebeu aproximadamente 600 currículos e, devido ao alto nível das candidatas, o número de vagas, que seria originalmente 60, foi ampliado para 73. Há registros de egressas do curso contratadas pela AES Brasil e por outras empresas do setor.

 

Reconhecimento

O Selo derivado do projeto tem a finalidade de estimular a participação efetiva das instituições de ensino no alcance das metas da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) – um conjunto de 17 Objetivos a serem atingidos até o ano 2030 por diversos países, incluindo o Brasil, que busca, de forma geral, acabar com a pobreza, reduzir desigualdades, fomentar a educação de qualidade e combater as mudanças climáticas no mundo.

 

Os critérios para reconhecimento das instituições são: Projetos cadastrados na plataforma nas áreas de ensino, pesquisa, extensão e gestão; Promover atividade/espaços de discussão sobre ODS  na instituição e Demonstrar sua contribuição na melhoria do ODS 4 – Educação de qualidade.

 

A entrega da certificação ao SENAI-RN é prevista para 5 de março de 2024, em São Paulo.

 

Em 2022, o CTGAS-ER, da instituição, já havia sido reconhecido nacionalmente por ações de estímulo à maior inclusão de mulheres em salas de aula e vagas de emprego ligadas ao setor de energias renováveis. À época, o Centro foi um dos vencedores do prêmio “Boas Práticas em Gestão Escolar”, do SENAI, que avalia iniciativas desenvolvidas por escolas da rede nos diversos estados em que atua no Brasil.

 

O prêmio conquistado no ano passado atraiu 69 projetos e selecionou os 23 avaliados com maior contribuição para a melhoria de resultados da instituição em 2021 e 2022, a partir dos pilares da inovação, digitalização e sustentabilidade. Na ocasião, foram contempladas iniciativas de 13 estados.