Nova lei contra o bullying traz à luz um problema existente há anos

 

Cunhado pela primeira vez na década de 1970, pelo psicólogo sueco Dan Olweus, o termo “bullying”, por muito tempo, foi tratado como uma forma diferente de chamar piadas, brincadeiras e outras maneiras de fazer graça com as pessoas, principalmente nas escolas. Por conta dessa visão, as providências a serem tomadas contra essa prática, hoje, sabidamente, causadora de diversos problemas psicológicos e de autoestima nas vítimas, nunca foram planejadas.

Em lei sancionada pelo governo em janeiro deste ano, essa forma de ataque foi tipificada pela legislação brasileira como crime hediondo, ou seja, sem a possibilidade de pagamento de fiança, diminuição de pena e resposta em liberdade. Explicado como o ato de “intimidar sistematicamente, individualmente ou em grupo, mediante violência física ou psicológica, uma ou mais pessoas, de modo intencional e repetitivo, sem motivação evidente, por meio de atos de intimidação, de humilhação ou de discriminação ou de ações verbais, morais, sexuais, sociais, psicológicas, físicas, materiais ou virtuais”, esse tipo de violência ainda passa pela penalização de multa, caso não seja caracterizado como mais grave. Além do que ocorre nas escolas, a prática ocorrida na internet, independente de qual forma, chamada de “cyberbullying” também passa a constar na lei, com pena de dois a quatro anos de reclusão.

Crimes contra menores de idade também ganharam atenção no PL aprovado pela presidência, entrando no rol dos hediondos e tendo algumas das penas aumentadas, como a de homicídio a menores de 14 anos.

Sendo um dos problemas atuais mais complicados de serem tratados, o bullying começa a chamar a atenção de grande parte da sociedade, que ainda não entendia todos os desdobramentos que a prática causava em crianças, adolescentes e jovens com falta de apoio e resolução dos problemas. Para o advogado Nilton Serson, “O governo acerta em passar a lidar com essa violência como ela deveria sempre ser tratada, com penalização e passando a mensagem de que há um transgressor e uma vítima. Por muito tempo, os adultos ignoraram os gritos de socorro de jovens e adolescentes, o que trouxe problema para eles e para a sociedade nos anos seguintes”.

Até antes de se tornar lei, esse problema era relacionado única e exclusivamente às brincadeiras de criança, na visão de pais e professores. Por isso, quando entrava no ambiente escolar, pouco era feito, além das chamadas padronizadas, mas sem tanto efeito. No ano de 2011, Timothy Brewerton, psicólogo americano, apresentou um estudo que apontava o bullying como motivador de ataques a escolas em 87% das vezes. Tendo analisado 66 ataques entre 1966 e 2011, ele explicou que o desejo de vingança, ainda na fase da adolescência, era o catalisador daquelas ações. Nesse mesmo ano, Wellington Menezes de Oliveira realizou um ataque com armas de fogo em Realengo.

“Infelizmente, esse assunto demorou a ser tratado de forma mais cuidadosa por grande parte das pessoas. São poucos os estudos mais aprofundados e a relevância que a população dava ao assunto era baixa. Também há o fato de que as vítimas muitas vezes demoram a buscar alguma ajuda, quando não sofrem com a falta de ajuda na vida pessoal”, complementa Serson.

Além da instância legal, o assunto precisa ser tratado na esfera psicológica. Por mais que já hajam muitos profissionais que buscam auxiliar as vítimas de bullying, há rejeição ao tratamento quando a noção de tempo até o efeito começar é deturpada.

Na visão de Serson, “Talvez pela idade, que traga uma noção de urgência e rapidez que não é possível de ser alcançada, os jovens podem ser muito relutantes aos psicólogos e seus tratamentos. Se necessitar de auxílio medicamentoso, então, os efeitos sentidos nos primeiros dias de remédio podem afastar ainda mais essas pessoas. Por isso, a nova lei se torna importante para tentar resolver o problema na fonte e dar a demonstração de que há punição para quem pratica esse tipo de violência”.

Renascendo nas Sombras: Navegando pela Nova Era de Incertezas

 

A medida que velhas certezas se desvanecem e novos desafios emergem, sociedades e mercados globais se veem à deriva em um mar de incertezas, buscando faróis de estabilidade em um mundo transformado

A volta da era das incertezas

Há pouco mais de 30 anos, o historiador F. Fukuyama, num ensaio polêmico, sugeriu que a “democracia liberal” seria a forma final de governo após o colapso do comunismo. O mundo seguiria daquele ponto em diante numa mesmice política a ser paulatinamente aperfeiçoada, uma vez que nada mais haveria a se produzir de inédito, com concentração de problemas no mundo econômico e seus derivativos, crescimento, produção e produtividade, empregos e salários, poder de compra, terceirização e globalização, inflação, urbanização, petróleo, dívida de países e assim ia.

Fukuyama sabia que a Terra tinha aproximadamente 5 bilhões de anos, que já houvera pelo menos cinco extinções massivas da vida. Hoje, se estima que existam apenas 10% dos animais que já andaram por ela. Ele ainda era conhecedor do sistema político de freios e contrapesos idealizado por Montesquieu e as ideias humanistas de homens como Voltaire, Diderot, Hobbes, que tinham pouco mais de 200 anos. Elas romperam com privilégios, com ditaduras e monarquias absolutas, trazendo à luz a democracia alçada à categoria de certeza de forma política, como sucintamente dito por Churchill: “A democracia é a pior forma de governo, exceto todas as outras que foram tentadas”.

Mas o dito popular “o mundo não gira, o mundo capota” se escancara pleno no momento, e todos os problemas que achávamos que tínhamos há pouco tempo se tornaram questões menores ultimamente. Vejamos:

Neste ano, 4,2 bilhões de pessoas participaram de eleições, que em tese deveriam ser democráticas e livres – em tese. As democracias – seja por suas imperfeições de representação, proporcionalidade, forma de contagem e atribuição de votos, seja pela forma de aparência, pelas ditaduras disfarçadas, pelos candidatos impostos e fantoches déspotas eleitos – não tem dado as respostas à ansiedade política dos cidadãos. No grande palco virtuoso da democracia da era moderna, os Estados Unidos, cujos seus cidadãos não querem ou não gostariam de votar, viverão eleições disputadas por dois candidatos octogenários. Vários países de ultradireita, avessos aos ideais democráticos – com tribunais e imprensa livres e independentes, possibilidade de acordos com os diferentes – têm conquistado espaço. E, por absurdo que pareça, querem acabar e reduzir direitos de seus cidadãos, que de tão idiotas estão achando isso bom, impondo potenciais ditadores na política, que fazem o pior da democracia traduzindo-a por uma “ineptocracia”.

E do problema político se vai ao climático, cuja urgência vem cobrando posturas reais. Efeitos do aquecimento global já são sentidos mesmo pelos mais entusiastas negacionistas e demandam uma colaboração planetária que jamais aconteceu. Temos alguns países mais falando de que fazendo, como o marqueteiro Estados Unidos, ou países ótimos no discurso, com medidas mais efetivas, como na China. No entanto, o problema urge de mais atitudes, na medida em que todos sentem as questões climáticas mais extremadas e distintas do que foram há pouco mais de 30, 40 anos.

Como se tudo isso não bastasse, a nuvem tecnológica da inteligência artificial, que paira sobre tudo e a tudo ataca, é onde se estabelecerão os novos e mais eficazes padrões de produção, produtividade e criação de riqueza. O resultado pode ser um novo fosso, uma verdadeira clivagem, que poderá se tornar abissal entre nações que dispõem de tecnologia, e serão seus formuladores, e nações não as têm ou dominam. Acrescido a todo falado, o uso inadequado desta ferramenta chamada inteligência artificial.

O planeta exige uma nova era às nossas incapacidades de respostas, tudo a criar mais incertezas.

Para saber mais, basta acessar os conteúdos abaixo:

https://niltonserson.com/

https://www.youtube.com/channel/UC_ibet-5we8G1TLnIowxUFQ

https://niltonserson.com/brasil-mundo/a-volta-da-era-das-incertezas/

Conheça cinco práticas terapêuticas e escolha a ideal para você

Existem diversas abordagens de psicoterapia baseadas em diferentes visões de homem e de mundo: freudiana, junguiana, lacaniana, comportamental, cognitiva-comportamental, fenomenológica, sistêmica, entre outras.
Independente da abordagem escolhida, é possível que o atendimento ao paciente também ocorra em modalidades ou formatos diversificados, como individual, em grupo ou fora do consultório (sendo esta última conhecida como Acompanhamento Terapêutico).
“Todas as modalidades podem funcionar e trazer benefícios para os pacientes a partir da análise de boas evidências científicas pautadas também em uma completa avaliação do caso”, diz Filipe Colombini, psicólogo e CEO da Equipe AT. “O Acompanhamento Terapêutico, por exemplo, atende a um amplo espectro de demandas, não apenas casos de autismo e é indicado em várias situações, como depressões, psicoses, fobias, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), alcoolismo, dificuldades de aprendizagem e socialização, além de abuso de drogas, desorganização psíquica, doenças incapacitantes, entre outras”, conclui.
Conheça, a seguir, cinco modalidades importantes na área da Psicologia:
1. Terapia de consultório: oferece um ambiente acolhedor e seguro dentro do consultório. Ela é baseada no relato verbal do paciente, ou seja, no que é falado, analisado, orientado e refletido na interação entre duas pessoas. Aqui, o terapeuta tem a oportunidade de aprofundar sua investigação pessoal, explorando de maneira íntima pensamentos, emoções e comportamentos. O contexto confidencial e centrado no cliente oferece uma atenção singular às suas necessidades, permitindo que o psicoterapeuta adapte estratégias e intervenções de maneira personalizada e individualizada.
2. Terapia em Grupo: ao unir pacientes que enfrentam desafios similares, essa modalidade proporciona uma sensação de comunidade, segurança e compreensão mútua. A interação do grupo permite a troca de perspectivas e estratégias de enfrentamento e apoio, fortalecendo os laços emocionais e promovendo um senso de pertencimento do grupo. É um espaço propício para a construção de relações significativas e o enfrentamento coletivo de desafios.
3. Acompanhamento Terapêutico: é uma forma de intervenção terapêutica que se dá no cotidiano, no dia a dia do paciente. Nesse processo, o psicoterapeuta pode acompanhar o paciente em suas atividades diárias ou em situações sociais que podem ser desafiadoras, atuando em parques, shoppings e outros eventos, para oferecer suporte em tempo real a partir de uma avaliação completa. É uma modalidade de intervenção psicológica que se destaca pela flexibilidade e adaptabilidade às necessidades individuais dos clientes. Como ocorre no ambiente do cliente, depende menos do relato verbal e mais da observação e da interação ao vivo, favorecendo a aplicação prática de estratégias terapêuticas.
4. Terapia Familiar: tem como objetivo abordar as dinâmicas e desafios que afetam a unidade familiar como um todo. Nesse contexto, o terapeuta trabalha com os membros da família para melhorar a comunicação, resolver conflitos e fortalecer os vínculos, promovendo um ambiente mais saudável e harmonioso.
5. Terapia de Casal: concentra-se especificamente na relação entre casais e visa a superação de conflitos, por meio da compreensão mútua e aprimoramento da comunicação. Essa abordagem tem como objetivo fortalecer o relacionamento, proporcionando ferramentas para que o casal consiga lidar com seus desafios e esteja apto a construir uma parceria saudável para ambos.
Mais sobre Filipe Colombini: psicólogo, fundador e CEO da Equipe AT, empresa com foco em Acompanhamento Terapêutico (AT) e atendimento fora do consultório, que atua em São Paulo (SP) desde 2012. Especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e adultos. Especialista em Clínica Analítico-Comportamental. Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Professor do Curso de Acompanhamento Terapêutico do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas – Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas (GREA-IPq-HCFMUSP). Professor e Coordenador acadêmico do Aprimoramento em AT da Equipe AT. Formação em Psicoterapia Baseada em Evidências, Acompanhamento Terapêutico, Terapia Infantil, Desenvolvimento Atípico e Abuso de Substâncias.

Quatro livros de desenvolvimento pessoal indicados pela escritora Sylvia Loeb

Aos 79 anos, a escritora e psicanalista Sylvia Loeb tem um vasto repertório de leitura, sendo que esta é uma de suas atividades favoritas. Sob o olhar intenso e profundo da psicanálise, Sylvia, que acaba de lançar sua quinta obra, intitulada “Mulheres”, indica quatro livros que instigam o autoconhecimento, conduzem à reflexão e despertam a emoção. “São obras muito ricas e envolventes, que contribuem para a evolução pessoal e ampliam horizontes”, diz a escritora. Veja a seguir:

1) Ioga, Emmanuel Carrère: “É um livro extremamente bem escrito, sobre um mergulho profundo no autoconhecimento através da depressão, mas também do humor e mais que tudo do amor. Uma escrita eletrizante da qual não conseguia me separar.”  Editora Alfaguara, R$ 79,90

 

2) Etelvina, Marcílio Godoi: “Diário de uma mulher idosa diante de uma doença terminal. Escrita em primeira pessoa, Etelvina fala das várias fases de sua vida, em uma linguagem simples, mas repleta de expressões muito próprias de seu lugar de origem. Um relato comovente de uma mulher que diz ‘eu sempre soube que a vida me seria só esse pedacinho mesmo, entre o relâmpago e o trovão’. Imperdível!” Editora Patuá, R$ 64

3) O Tempo da Memória, Norberto Bobbio: “Nesta autobiografia do filósofo e um dos maiores pensadores políticos contemporâneos da Europa, em linguagem acessível, acompanhamos sua vida e aprendemos a envelhecer”. Elsevier, R$ 29

4) Formas Breves, Ricardo Piglia: “Em onze textos curtos, o autor reflete sobre nomes da literatura Argentina e sobre a relação entre literatura e psicanálise. Trabalha sobre o fazer literário e sua tarefa de iluminar a existência. Aqueles que apreciam Borges vão encontrar aqui também imenso prazer”. Companhia das Letras, R$ 62,90

Mais sobre Sylvia Loeb:

Aos 79 anos, Sylvia Loeb é psicóloga pela PUC-SP com formação em psicanálise pelo Instituto Sedes Sapientiae. Dedica-se a atender pacientes em seu consultório no bairro de Higienópolis na capital paulista e é uma das fundadoras do movimento “Minha Idade Não Me Define”, que combate o preconceito contra pessoas maduras, chamado de ageísmo.

Sylvia tem quatro livros publicados: Contos do divã: pulsão de morte e outras histórias (Ateliê Editorial, SP, 2007); Amores e Tropeços, (Terceiro Nome, SP, 2010); Heitor (Terceiro Nome, SP, 2012) e Homens (Oficina de Conteúdo, SP, 2017). Mulheres é, portanto, sua quinta obra.